sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"Rádio pião" - a informação na velocidade da luz

Mais rápida que um trovão, mais rápida que um raio, mais rápida que qualquer plantão jornalístico no mundo [1], nem internet banda larga com meio de fibra de vidro com 30 Mb é mais ágil, mais rápido que colaborador(a) que ouve o sinal de fim de expediente etc. Todo assunto de qualquer empresa passou, passa ou passará por este canal, onde no mínimo 50% das informações são verdadeiras, isso mesmo, já constei isso, em lugares diferentes, com pessoas diferentes e ao longo de um bom tempo. Apresento a vocês, que possivelmente já estiveram no seu noticiário, ou no mínimo, já a ouviram: a rádio pião. Aqui, colocamos mais uma forma de comunicação, esta que já foi e será alvo de outras postagens. Ela tem uma equipe, que pode trabalhar junta, mas também pode ser uma única pessoa. Consegue os maiores furos de notícias, que deixa o New York Times com uma inveja incrível, e seus repórteres, conseguem as informações sabe Deus por que meios em alguns casos. No seu plantão passa de tudo um pouco, como por exemplo:

1.    Quem saiu com quem, e normalmente colaboradores de peso
2.    Quem se separou. Tem importância isso? Bom se o separado ou separada for seu chefe tende a ter, não é?
3.    Venda da empresa para outro grupo
4.    Problemas financeiros, que a diretoria ou gerência tenta esconder com esforços homéricos
5.    Grandes trocas de sistemas de informação. Importância? Se tiver um TI interna, o caos entre os colaboradores está plantado
6.    Lista de pessoas a serem demitidas. Normalmente 50% vai embora mesmo. E os outros 50% ficam pendurados para o dia seguinte
7.    O salário de um gerente, que em alguns casos é aumentado em relação à realidade. E ainda, adicionam o tempero do requinte de crueldade, dizendo que o cabra não faz nada
8.    A lista é grande

A sua central normalmente fica nas rodas do local onde os colaboradores tomam o cafezinho, no banheiro (isso mesmo!), nas rodinhas da hora do almoço, ou mesmo nas mesas deste, nos elevadores ou podem ocorrer por e-mail, por MSN o que é mais arriscado, pois podem ser tranquilamente monitorados. Só para evitar problemas, isso é possível de se fazer, mas a boa prática é que CADA colaborador tenha conhecimento deste fato, no momento de sua contratação e assine o termo de responsabilidade. Para os que já estão na empresa, o processo é o mesmo, caso seja instituído em algum momento de mudança e nossas regras na empresa. E quem pode e deve auxiliar isso, é o RH (mais uma vez, a sinergia presente).

Retomando o assunto, um local de troca de informação entre os agentes da rádio pião que mais impressiona, é o banheiro. Ali no momento que se lava as mãos ou escova-se os dentes é que as notícias são divulgadas, aumentadas, informadas. Já fiquei sabendo de informações que não tinha conhecimento, e logo depois (alguns dias), elas foram oficializadas, e o local foi este distinto ambiente comentado agora a pouco. A rádio pião é a institucionalização da fofoca[1] no ambiente corporativo.

Os reflexos destas notícias, normalmente são os seguintes :

1.    Pânico entre os funcionários, quando se trata de notícias sobre fusões, demissões, trocas de gestores
2.    Nos dias que se seguem após a descuidada notícia, o que ocorre são pessoas remoendo o assunto ou aumentando ainda mais a história, criando assim quase um kit desgraça pura
3.    Há impactos sobre a produtividade na organização
4.    Não resolve muito desmentir, fazer reuniões, chamar o presidente da empresa para dizer que tudo aquilo é intriga da oposição. As pessoas só vão se acalmar e voltar a normalidade, após alguns dias. Mas estes alguns dias para que tudo volte à normalidade, tendem a aumentar, se o fato que foi desmentido em um dia, aconteceu no dia seguinte
Tem muito gestor que fica desmentindo estas notícias, com o receio de criar pânico (isso ficou a cargo da rádio pião, ele chegou tarde!), na busca de manter o controle. Não resolve, ainda mais se o fato se concretizar.

Sendo assim, a transparência nas relações pessoais dentro da organização, nas relações entre gestores e seus colaboradores, a transparência nas informações que fluem dentro da organização, sejam elas via sistemas, papel, sinal de fumaça ou em conversas é a única ferramenta que irá diminuir este tipo de ocorrência. Com a transparência, caso algum tipo de informação surja, ela não tem força, pois as pessoas já sabem e não vão chutar cachorro morto. Parece simples, mas conscientizar as pessoas da importância da transparência, é uma tarefa árdua. Cabe mais uma vez ao recursos humanos apoiar a empreitada.

Acabar vez por todas com a rádio pião, talvez seja utopia. Seria análogo ao sovaco de cobra. Não existe. Mas podemos melhorar nossas relações, sermos mais transparentes. E quem não acredita nisso, a administração já estudou os grupos informais[2], que tem grande influência em uma organização e além disso, tudo que foi posto aqui, aconteceu e acontece.


[1] RIBEIRO, Beto. Poder S.A. Histórias possíveis do mundo corporativo. São Paulo: Marco Zero, 2008. 158 p.

[2] CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração. 3a ed. 1o. Vol. São Paulo: Makron Books, 1987. 485 p.

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